Acidente Vascular Cerebral
Em escala mundial, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda principal causa de morte, tendo sido responsável por 6,4 milhões de mortes em todo o mundo, o que corresponde a 12% do total de mortes (American Stroke Association). No Brasil, é a principal causa de morte na população adulta (Ministério da Saúde 2017).
Com o aumento da expectativa de vida no mundo, as doenças cardiovasculares são consideradas questões de saúde pública com alto impacto social. O AVC consiste no diagnóstico de 10% das internações hospitalares públicas, gerando custo de 6% de todos os orçamentos de saúde. Em torno de 70% das pessoas que sofreram AVC não conseguem retornar às atividades devido às sequelas (American Stroke Association 2018; Go, et al. 2014; Pontes Neto 2014) (Figura 1).

A Organização Mundial da Saúde define AVC como uma perturbação focal ou global da função cerebral, ocasionada pela falta de suprimento sanguíneo em uma região do tecido cerebral, tendo como origem nenhuma outra causa aparente que não seja a origem vascular (OMS 1998).
Possui dois tipos de AVC:, o AVC isquêmico, o qual possui maior prevalência, com 87% dos casos, onde ocorre a interrupção do fluxo sanguíneo, diminuindo significativamente a concentração de oxigênio (hipóxia ou anóxia) pela formação de trombos ou por processo embólico (Neumar 2000). No AVC isquêmico, a artéria mais comumente ocluída é a artéria cerebral média ou suas ramificações profundas (Stoke 2004). A lesão no tecido cerebral ocasionada pela isquemia depende de dois fatores: da intensidade e da duração. E o AVC hemorrágico, no qual ocorre a ruptura do vaso sanguíneo e consequente extravasamento sanguíneo para o tecido neuronal, ocasionando uma baixa taxa de sobrevida nos pacientes (Go, et al. 2014; Powers, et al. 2018).
Os mecanismos relacionados com o quadro de isquêmica são complexos. Há um diálogo paralelo e/ou concomitantemente e/ou subsequente das vias de dinâmica de cálcio, formação de radicais livres, disfunção mitocondrial, ativação de proteases, alterações na expressão gênica e inflamação. A influência do tempo e a contribuição relativa de cada mecanismo podem variar dependendo da idade do paciente, gravidade da lesão e tipo de AVC (Sandu, et al. 2017).

São fatores de riscos para AVC: hipertensão, hipercolesterolemia, estenose das carótidas e fibrilação atrial, tabagismo, uso excessivo de álcool e resistência à insulina (diabetes mellitus). Outros fatores de risco que, se modificados, podem reduzir a ocorrência de AVC incluem poluição ambiental do ar, má nutrição, sedentarismo, obesidade, variabilidade da pressão arterial, distúrbios respiratórios do sono, inflamação crônica, doença renal crônica, enxaqueca, contracepção hormonal ou terapia de reposição hormonal, estresse psicossocial, depressão, estresse no trabalho e longas jornadas de trabalho (Hankey 2017).
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Referências:
American Stroke Association
2018 Stroke Statistic.
Carmichael, S. T.
2016 The 3 Rs of Stroke Biology: Radial, Relayed, and Regenerative. Neurotherapeutics 13(2):348-59.
Go, A. S., et al.
2014 Executive summary: heart disease and stroke statistics–2014 update: a report from the American Heart Association. Circulation 129(3):399-410.
Hankey, G. J.
2017 Stroke. Lancet 389(10069):641-654.
Ministério da Saúde
2017 Manual de rotinas para atenção ao AVC.
Neumar, R. W.
2000 Molecular mechanisms of ischemic neuronal injury. Ann Emerg Med 36(5):483-506
Pontes Neto, O. M.
2014 Stroke awareness in Brazil: what information about stroke is essential? ArqNeuropsiquiatr 72(12):909-10.
Powers, W. J., et al.
2018 2018 Guidelines for the Early Management of Patients With Acute Ischemic Stroke: A Guideline for Healthcare Professionals From the American Heart Association/American Stroke
Association. Stroke 49(3):e46-e110.
OMS, Organização Mundial da Saúde
1998 Acidente Vascular Cerebral – AVC
Sandu, R. E., et al.
2017 Cellular and Molecular Mechanisms Underlying Non-Pharmaceutical Ischemic Stroke Therapy in Aged Subjects. Int J Mol Sci 19(1).